Inteligência artificial para idosos desafia aprendizado e segurança digital

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A inteligência artificial (IA) para idosos tem se tornado um tema central em salas de aula nos Estados Unidos. Em centros comunitários, pessoas com mais de 60 anos estão aprendendo a identificar imagens geradas por IA e a lidar com os riscos dos golpes digitais. Ao mesmo tempo, descobrem formas de usar chatbots em atividades práticas do cotidiano, como planejar viagens, escrever cartas e até manter contato com netos.

Durante uma aula em Maryland, o instrutor Tomba Kambui mostrou diferentes fotos para os alunos. Em algumas, as falhas da IA eram evidentes, como cabeças distorcidas e duas Torres Eiffel na mesma imagem. Em outras, o desafio era maior: as cópias estavam muito realistas. “Olhem para os dedos, braços, dentes, lóbulos das orelhas”, explicou Kambui. “Mas está ficando cada vez mais difícil saber”, completou.

Esses alunos viveram transformações históricas, como a chegada dos computadores pessoais e da internet. Muitos ainda se adaptam ao uso de smartphones. Agora, precisam lidar com a velocidade da IA, que redefine a forma de acessar informações e exige novos cuidados.

Segundo o Washington Post, a Senior Planet, ligada ao grupo AARP, tem oferecido cursos sobre o tema. Em um deles, um questionário de imagens de IA surpreendeu os participantes. “Ficamos muito impressionados”, disse Vandana Kharod, 84. “Ao mesmo tempo, ficamos com medo”. Pesquisas do Pew Research Center mostram que 10% dos americanos acima de 65 anos já usaram o ChatGPT. Muitos também interagem com IA sem perceber, já que assistentes digitais são instalados automaticamente em celulares e computadores.

Instrutores destacam que a tecnologia também traz riscos. Golpistas usam softwares para falsificar vozes de familiares ou simular corretores imobiliários, aumentando a vulnerabilidade dos mais velhos. Por isso, segurança digital é um dos temas centrais nas aulas. “No início, eles ficam com medo”, disse Torrence Mack, que leciona na Flórida, Geórgia e Tennessee. “Mas quanto mais você fala sobre isso e mostra utilidades, mais eles querem tentar usar”.

Além de se proteger, muitos alunos aplicam a IA em tarefas práticas: escrever cartas de reclamação, planejar férias ou explorar a criatividade. A aposentada LoriAnn Daniels, de 63 anos, contou que usa o ChatGPT para escrever e ilustrar um livro infantil. “Ele simplesmente abriu mais criatividade, mais perguntas... Estou usando mais o ChatGPT do que o Google”, afirmou.

As aulas também têm caráter pedagógico, explicando termos como “alucinações”, que designam erros comuns nos textos produzidos por chatbots, e “aprendizado de máquina”, a base do funcionamento da IA. “Se você sabe disso, está muito à frente dos adolescentes”, brincou Kambui em Gaithersburg.

O avanço da IA representa, ao mesmo tempo, desafios e oportunidades para a terceira idade. Para especialistas, disseminar conhecimento e fortalecer a segurança digital são passos fundamentais para que idosos não fiquem à margem da revolução tecnológica, mas aprendam a usá-la de forma prática e segura em suas vidas.

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